terça-feira, maio 23, 2006

Divagação Para 22 de Maio



Incumbi ao silêncio a responsabilidade penosa de suscitar em meus pensamentos sãos algo reprodutível em palavras e linhas, coerente ao menos, haja visto o árido período de hibernação quanto à produção textual a qual me submeti ou me submeteram-me. É fato o declínio eminente das minhas reflexões escritas, que se já de antemão pretendiam comprovar a mediocridade da mente humana comum, foram a práxis do símbolo maior do quão pífio e lixoso encontra-se as amostras individuais dessa geração ao meu redor, sete bilhões de pessoas que não têm nada a dizer. É árduo, eu sei, mas devo-tenho-tento prosseguir.
Um período relevante na Academia e algumas produções acariciaram por momento minha veia narcisística, pulsada por superficiais elogios e algum auto-convencimento vazio. Encaixotado pela Universidade, iludi-me e pensei em refugiar-me na publicação desses escritos acadêmicos como álibi triunfante e, óbvio, narcisístico. Tropecei perante as areias da minha imbecilidade e algumas páginas não encontram-se mais disponíveis, ponto à próxima tentativa de pedir alguma atenção.
Não. Outra nota de exceção ao repúdio por diários egocêntricos ou crítica qualquer à minha rotina falível também não seria pertinente. Conviver diariamente com mentecaptos programados a dizer ‘não’ e reclamantes de suas fétidas vidas prostitutas da ignorância e imbecilidade das quais nunca houvera ímpeto de transgredir tal, já exausta meu nirvana, agredindo minha tão sonolenta morte inercial, para eles a ausência de ânimo e atividades mecânicas sociais, fisiológicas e emotivas às quais nos impõem.
Pus-me a pensar sobre um ensaio acerca da natureza da idealização.Sua possibilidade, sua natura causais, essência e aplicação fenotípica no objeto de estudo, no caso, meu histórico de ilusões românticas (juro dispor esse clichê em uma outra oportunidade). Todavia, tratar deste que considero minha pretensão racional maior, de forma leviana e pedante, seria no mínimo, um sacrilégio, redução das minhas prévias concepções a um relato de um cara de 19 anos, arrogante e errôneo como o Wittigenstein do Tractatus, superficial tal como os meus prezados diários virtuais difusos em chorume intelectual. De fato, o tempo que previ disponibilizar para o aprofundamento teórico mínimo em Platão, Nietsche , Sartre, Sthendal e Newman Sucupira, fez-se mar de sonolência disperdiçado em companhias lixosas, discorrer o tempo que corrói agressivamente passivamente cada átomo, compositor desses tecidos cancerígenos do meu corpo.
Voltei ao princípio então, voltei ao silêncio. E nãosei ao certo se há realmente reflexão aqui, pois o esgotamento que se possui quanto a esse mundo, é cólera tácita que perder-se-á no esvair dos segundos que irão orquestrar a noite vindoura. Acordarei de péssimo humor e três dias mais velho é verdade, mas antes do meio-dia um belo par de seios ludibriarão minha vã consciência para o que jamais terei, sedando a forma rarefeita daquilo que não é em minha inconsciência outrora inominável, por assim dizer.

sábado, maio 13, 2006

ao ver uma foto na rede


escrevo isto diante a ternura de seu lúgubre olhar, não faltam-me motivos para desligar esse monitor. Sua feição continua desprovida das cicatrizes que desejo todas as noites que cubram esse seu prazer mórbido que tanto me afeta. De certo, a culpa é minha, já deveria ter esquecido o atalho que confere ao seu endereço na world wide web. Temo, pois já não creio haver de ser ainda a idealização sthendaliana. De longe, aceno para que me veja nas entrelinhas de seu diário narcisístico. De longe, faço graça pedindo atenção:

"Dane-se babaca"
é o aviso de erro que deveria aparecer agora ao não fechar essa janela. Resta-me o Ctrl_Alt_Del para algum efeito de defesa.

"Este computador já pode ser desligado com segurança"

será?