segunda-feira, maio 14, 2007


Qualquer coisa que não fixe

Diante do infinito projeta-se as incubências da prosperidade e progresso, negando às coisas a propriedade dessas permanecerem em seu estado de origem ou repouso. Dessarte, contemplar minha pessoa nos textos de exato um ano atrás(publicados nesse veículo), por qualquer lapso, imersa em um carrossel viciante e lúdico, excitou-me na óbvia perspectiva paralela ao meu instante singular presente.
Não dato ao certo meu silêncio, que denota alguém certamente mais apático às fissuras da vida cotidiana. Entre esse intervalo de meses conheci faces, reconheci formas, experimentei do lisérgico nobre gozo ígneo do corpo humano, sem precisar a real necessidade de nos imbuírmos de tudo isso. Confesso minha narcotização. Virei máquina. Produção - Alimentação - Repouso. Ao se deitar para dormir, dormir. Nenhum devaneio erótico(caótico) ou escapismo surreal, tampouco o encatamento da idealização.
Aí toma cena o carrossel.Viciante e lúdico.
Hoje enquanto despertava para um belo domingo chuvoso, que sempre remete-me a dias não vividos no Reino Unido (por hora continuo somando células cancerígenas a cada segundo ao sol que inflama minha ojeriza por estas terras cálidas tropicais), desconstrui cada fragmento do meu sonho na noite passada. Prestes a copular com uma empregada mentecapta no meu jardim, a senhorita Rigby( sim, a mesma propulsora de todo esse blog)aparecia-me nas frestas do meu muro, desejando esclarecer um mal entendido. Daí tomávamos um singelo e insólito passeio
de bicicleta pela ruas cinzentas do meu bairro. Sem beijo ou lamentações nos despedíamos.

Indaguei-me a real razão de levantar-me da cama naquele dia. Passado mais de um ano, após alguns esbarrões pela cidade sem qualquer fala recíproca, estava eu novamente estagnado frente a chuva pensando nela. Atordoado, corri ao computador faminto por uma foto em preto e branco. Voltei ao meu quarto, amargurado e em posse de uma cerveja preta.Um ano houvera em qualquer ponto incomum, houvera estagnado, nenhum progresso ou prosperidade.

Não compreendo bem o prisma que contempla a inércia.