sábado, abril 22, 2006

Fim de noite breve, por assim dizer


Vinte e um de abril e hoje andei de bicicleta. Por algum motivo optei por escrever frente ao jardim, ao sereno noturno e principalmente, lembrando o fato ‘ hoje andei de bicicleta’. Falta-me idéia agora. Vejo um inseto vagando pelas pedrinhas do jardim. MERDA! Não sou Vinícius tampouco Machado, longe também Marcelo.
Então devo divagar sobre o silêncio. Silêncio que aqui só interrompe-se pelo eventual canto dos pneus, aflitos por qualquer distração de seu condutor, à guiá-lo pelo concreto, ao menos torço por isso. Mentecaptos tendem a direcionar-se ao inferno, seja lá o que isso for. Escuto gritos distantes e por não conseguir discernir se trata-se de algum culto afro, um estupro, algum novo som do verão ou apenas meu inconsciente, encontro-me em uma pequena aflição. Volta o silêncio. Deveras ser meu incosciente. Essas linhas são desleais.
O ermo não tarda e sinto sem sentir cada viés do marasmo oculto na penumbra de cada segundo. Não há alegria nem tristeza, não há o caos tampouco a ordem, não há sexo nem a solidão. Quiçá alguma misantropia, de fato. Jogo a peteca àqueles portadores de sorrisos, lágrimas, asneiras qualquer. Aqui já se fez o sereno e não tarda de vir soprar o orvalho silente da palmeira.

Vem os passos
Fecham-se as horas
Melopéia inaudível
Exprimível, crível. Será?

sexta-feira, abril 14, 2006

Bom, e torno a reescrever essas inutilidades tão peculiares a mim após algum período em exílio por qualquer perda vã de interesse, quiçá inspiração(livra-me disto Deus!). Não cairei na tolice de divagar sobre a relatividade desse tempo por ser estes clichês óbvios e irritantes a injunção deste stand by. Quantos imbecis divagam sobre o tempo todos os dias, isso é um motivo de tristeza perante algo que outrora já excitou de físicos contemporâneos a poetas clássicos escoceses. Mais frivolidade até aqui.
Uma voz inquietante soou antes do meu adormecer por estes dias desleais clamando: - "Escreve, descreve-te!" Entretanto a capacidade abstrata de ímpeto à escrita (também cabe a nomenclatura coragem de levantar e digitar asneiras cotidianas) refugou-se por mim e para mim, assolando em fotografia a uma árida vivência insossa que corou minha indolência ociosa: -"Ah, vamos lá! Mais um entediado da Idade Moderna queixando-se ao vento desses dias hostis?" – Pode ser, diria. Dane-se, digo.
Não há um conflito decerto. A mecanização vital da rotina comum transgredia a consolação ao pensamento, transcendendo ao sentimento, "racionalizando" o ser humano programado a cada limiar de horas zeradas, roda dinâmica de entradas e saídas. Pessoas por todas veredas percorridas, tão efêmeras quanto a cara de cada cachorro faminto por afago e comida em cada esquina, tão efêmeras quantos meus pensamentos concupiscentes relativos àquelas nádegas flácidas das bem-aventuradas missionárias evangelizadoras que me abordam a caminho do trabalho : é fato, preciso reencontrar Jesus (...)
Parou.
Não, aqui ainda sinto a pulsação obrigar minha existência. Não foi por hoje que linhas óbvias e errôneas salvaram-me do tédio dessa nossa existência letárgica. Não devo prosseguir.